Provérbio Japonês: Os Filhos de Edo Não Guardam Dinheiro

Provérbios

Pronúncia de “江戸っ子は宵越しの銭は持たぬ”

Edokko ha yoigoshi no zeni ha motanu

Significado de “江戸っ子は宵越しの銭は持たぬ”

Este provérbio expressa o temperamento das pessoas de Edo que gastavam todo o dinheiro que ganhavam em um dia no mesmo dia, não o carregando para o dia seguinte.

Isso não significa gastos imprudentes sem qualquer planejamento. Pelo contrário, representa um comportamento nascido da confiança absoluta nas próprias habilidades e capacidades, com a convicção de que “posso ganhar novamente amanhã”. Em Edo, onde havia muitos artesãos e comerciantes, aqueles com habilidades técnicas nunca ficavam sem trabalho, e valorizavam tornar cada dia gratificante em vez de se preocupar com o futuro.

Esta expressão também incorpora a estética das pessoas de Edo. Representa uma forma refinada de viver naturalmente sem se apegar ao dinheiro, tendo uma personalidade refrescante e não se dando ares. Em termos modernos, poderia ser dito que mostra uma atitude de viver positivamente enquanto se acredita nas próprias habilidades, desfrutando do consumo com moderação sem se precipitar em economias excessivas.

Origem e etimologia

Este provérbio nasceu como uma expressão representando o temperamento das pessoas de Edo durante o período Edo. Edo era uma cidade nova que se desenvolveu rapidamente desde o estabelecimento do xogunato Tokugawa, e as pessoas que viviam lá cultivaram os valores únicos de “Os filhos de Edo não guardam dinheiro de uma noite para outra”.

A cidade de Edo tinha um comércio florescente, com muitos artesãos e comerciantes vivendo lá. Os artesãos em particular ganhavam a vida apenas com suas habilidades, e porque tinham confiança no trabalho de amanhã, tendiam a gastar todo o dinheiro que ganhavam naquele dia no mesmo dia. Isso não era mero gasto desperdiçador, mas uma expressão de orgulho e confiança como artesãos que acreditavam “posso ganhar novamente amanhã”.

Edo também era conhecida como uma cidade com incêndios frequentes. Como diz o ditado, “Incêndios e brigas são as flores de Edo”, incêndios ocorriam frequentemente e não era incomum perder os pertences domésticos. Portanto, pensa-se que se desenvolveu uma cultura que encontrava valor em desfrutar do presente em vez de acumular dinheiro.

Este provérbio se estabeleceu como uma expressão simbolizando tal espírito de Edo e se tornou uma frase representando a cultura dos habitantes da cidade de Edo.

Curiosidades

Os salários diários dos artesãos no período Edo são estimados como equivalentes a cerca de 8.000 a 12.000 ienes no valor de hoje. A quantia que gastavam no mesmo dia certamente não era uma soma pequena.

Em contraste com este provérbio estava o espírito de “shimatsu” (frugalidade) entre os comerciantes de Osaka da mesma época. Em Osaka, “a economia era considerada uma virtude”, e valores completamente opostos aos de Edo foram cultivados. Esta diferença regional também é bastante interessante.

Exemplos de uso

  • Ele é realmente do tipo que acredita que “Os filhos de Edo não guardam dinheiro de uma noite para outra”, e sempre que recebe um bônus, imediatamente começa a planejar uma viagem
  • Meu avô, que acreditava no princípio de que “Os filhos de Edo não guardam dinheiro de uma noite para outra”, sempre dizia “dinheiro é para circular” e tratava generosamente os outros

Interpretação moderna

Na sociedade moderna, este provérbio passou a ter significados complexos. Por um lado, às vezes é usado criticamente como símbolo de gastos desperdiçadores não planejados, mas por outro lado, também está sendo reavaliado como um aviso contra tendências excessivas de economia.

Particularmente entre as gerações mais jovens, há uma tendência de se precipitar em direção à frugalidade extrema devido à ansiedade sobre o futuro. Devido à desconfiança no sistema de pensões e instabilidade no emprego, muitas pessoas são impulsionadas pela obsessão de que “devemos economizar dinheiro a todo custo”. Em tempos modernos como estes, este provérbio funciona como palavras que nos lembram da “importância de desfrutar do presente”.

Além disso, com o avanço da sociedade sem dinheiro físico, o próprio conceito de dinheiro está mudando. Agora que os pagamentos digitais se tornaram comuns, a expressão física “dinheiro de uma noite para outra” pode parecer desatualizada. No entanto, sua essência de “acreditar nas próprias habilidades e viver valorizando o presente” pode ser uma forma de pensar que é mais necessária do que nunca nos tempos modernos.

Contudo, nos tempos modernos, há muitas coisas para as quais os indivíduos devem se preparar por sua própria responsabilidade, como sistemas de seguridade social e preparações para a velhice, e as circunstâncias são muito diferentes do período Edo. A realidade é que é necessário um senso de equilíbrio que utilize o espírito deste provérbio enquanto também possui habilidades modernas de planejamento.

Quando a IA ouve isso

A teoria do “viés do presente” da economia comportamental provou cientificamente que os seres humanos tendem a supervalorizar os prazeres atuais em relação aos benefícios futuros. Por exemplo, entre “receber 10.000 ienes hoje” e “receber 11.000 ienes daqui a um ano”, muitas pessoas escolhem a primeira opção. Embora isso seja matematicamente irracional, o cérebro humano evoluiu para reagir intensamente ao “agora”.

O ditado dos edokko “não guardar dinheiro para o dia seguinte” era precisamente uma estratégia de vida que utilizava ativamente esse viés do presente. Eles valorizavam mais a satisfação obtida através de uma refeição deliciosa ou entretenimento hoje do que o valor futuro da poupança. Pesquisas modernas mostram que esse julgamento era, na verdade, racional.

Segundo a pesquisa do psicólogo Daniel Kahneman, a felicidade humana se divide em “felicidade experiencial” e “felicidade da memória”. Os edokko maximizavam a felicidade experiencial ao desfrutar de cada dia. Por outro lado, a poupança planejada, que os modernos consideram uma virtude, valoriza a felicidade da memória através da tranquilidade futura.

O interessante é que, considerando que a expectativa de vida no período Edo era curta, a escolha dos edokko era extremamente lógica. Investir no presente certo ao invés do futuro incerto. Isso era exatamente a sabedoria instintiva humana que o viés do presente demonstra.

Lições para hoje

O que este provérbio nos ensina, pessoas modernas, é o valor da “confiança nas próprias habilidades” e “um coração que valoriza o presente”. Ser limitado por ansiedade excessiva sobre o futuro e sacrificar a realização de hoje pode ser um desperdício tremendo.

É claro que isso não recomenda gastos desperdiçadores não planejados. O que é importante é continuar polindo as próprias habilidades e experiência, cultivando assim a confiança saudável de que “posso trabalhar duro novamente amanhã”. Apenas com tal fundação podemos verdadeiramente desfrutar de hoje.

Na sociedade moderna, embora economizar seja importante, gastar dinheiro em autoinvestimento, interações com pessoas e novas experiências é igualmente valioso. Como as pessoas de Edo, ao às vezes ter a coragem de audaciosamente desfrutar do presente, a vida deve se tornar mais rica. O dinheiro tem significado apenas quando é usado, e as experiências e memórias nascidas dele se tornam tesouros insubstituíveis.

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